Sabemos que a própria terminologia 'idiopática' já afirma que a causa é desconhecida. Aliás, doenças autoimunes são, além de inúteis, chatas e desnecessárias, totalmente misteriosas. Afinal, o próprio corpo deflagra ataques a elementos que fazem parte dele mesmo – e eu não estou convencida ainda que isso aconteça totalmente sem motivo aparente, do nada.
Pessoalmente - essa conclusão se baseia numa crença pessoal, baseada nos estudos que realizei ao longo da manifestação da doença - acredito que doenças autoimunes, alergias e outras doenças que são causadas fora de fatores externos (tais como bactérias, malformações e vírus), não têm causa puramente espontânea.
O detalhe é que o estopim dessa bomba varia de pessoa para pessoa, o que impossibilita um diagnóstico claro e preciso para a cura definitiva. No meu caso, por exemplo, o agente causador é uma substância denominada 'Ciclamato de Sódio', um edulcorante artificial usado em adoçantes dietéticos.
Com base nessa experiência própria + estudos + amostragens diversas no contato com várias pessoas com o mesmo problema, posso criar uma linha de raciocínio que possa ajudar a outras pessoas que ainda não descobriram as causas de seu infortúnio. Portanto, com base neste argumento, posso deduzir que:
- Depois da primeira vez em que há a queda de plaquetas, ficamos mais suscetíveis a quedas posteriores. Não creio em coincidências. Com base no depoimento de adultos que apresentam PTI, a grande maioria apresentou sintomas e queda na infância;
- Há substâncias que, consumidas pelo doente, são a 'chave' para deflagrar recaídas;
- Quando a queda se torna crônica – você passa a conviver com elas com certa frequência, e esse prazo extrapola um ano – é certo que o uso até de substâncias que não faziam mal antes, como aspirinas por exemplo, passem a ser definitivamente perigosas, mesmo que se reestabeleça o nível de plaquetas aos níveis considerados seguros (maior que 60.000 um/mm³);
- Isso leva a crer que de fato a púrpura é, definitivamente, um fator alérgico. Basta descobrir a causa, para que o efeito de queda cesse e os níveis se reestabeleçam.
Isso ficou claro após ver meu ultimo exame após a suspensão do agente causador – assim vou chamar a substância causadora da reação autoimune – deixou de ser consumido, e os níveis de plaquetas chegaram a 171.000 um/mm³ em um mês.
Importante
Mulheres portadoras de Púrpura não podem fazer uso de anticoncepcionais até reestabelecer os níveis plaquetários aceitáveis sem orientação médica.
De acordo com a prescrição de minha ginecologista, mudei a variedade do meu anticoncepcional, que passou de pílula combinada a micropílula – com uma concentração de desogestrel muito menor que do anterior, sem estrogênios, de modo a suspender a menstruação e evitar perdas desnecessárias de sangue.
É fundamental o acompanhamento nesta parte, pois perdas acentuadas e prolongadas de sangue não assistidas podem provocar anemia, além de distúrbios gastrointestinais (no caso de sangramento nasal, o fato de deglutir sangue).
Procure SEMPRE acompanhamento médico, e se certifique que sua saúde está o quão íntegra possível uma situação como esta. Porém, antes de qualquer conclusão precipitada, é preciso ter em mente o fator 'autoimunidade' sempre em mente. É o seu corpo quem está fabricando uma resposta nefasta a algum fator externo, e não 'sabe' qual a melhor forma de combater o agente agressor.
Pesquisar é fundamental
É imprescindível, além de confiar no diagnóstico e no tratamento prescritos pelo médico especialista, investigar os fatores que possam estar provocando o problema, que acaba se transformando numa verdadeira bola de neve:
- A longo prazo, a medula poderá encontrar dificuldades em fabricar elementos figurados suficientes a atender à demanda do organismo;
- Problemas no baço, cuja atividade exagerada no ato de sequestrar as plaquetas poderá sobrecarregá-lo e levar o paciente a uma esplenectomia (remoção do baço);
- Desordens no sistemas imunológico, cuja atividade anormal dos glóbulos brancos engajados somente em destruir as plaquetas, negligencia o restante do organismo e abre portas para doenças oportunistas;
- A recorrência de tais doenças levam ao uso de antibióticos fortes e de amplo espectro, o que pode agravar ainda mais o problema inicial de baixa de plaquetas;
- O uso prolongado de corticóides para controlar a resposta do sistema imunológico sobre as plaquetas pode mascarar sintoma de infecções graves, devido à insensibilização de alguns tecidos.
As infecções do trato urinário são as mais comuns: soube de uma paciente que teve quedas terríveis nos níveis de plaquetas, e ignorava que seu rim estava praticamente inutilizado por uma infecção. Eu mesma, durante o tratamento com corticóides, tive duas infecções graves no trato urinário, que somente puderam ser detectadas pela intensa hematúria: a completa ausência de dor/sensibilidade não me 'avisou' do problema.
Portanto, investigue, pesquise, procure saber, crive seu médico de perguntas. Seja curioso, e insistente. Nunca é demais saber, desde que nunca apele para a automedicação.
Busque na memória, da época do início dos sintomas, se bate com o consumo recente de alguma substância diferente do habitual: seja um novo cosmético, um alimento, um produto de limpeza ou um hábito, procure observa-los, e no caso de suspeita, suspender seu uso e, novamente, observar os efeitos.
No meu caso, notei que as quedas aconteciam pouco tempo após a remissão. Quando tinha quedas, eu adotava uma alimentação normal, saudável e balanceada, para auxiliar a recuperação. Obtidos os níveis aceitáveis de plaquetas, eis o que acontecia: o inchaço com os corticóides me fazia entrar em dieta para tentar perder o peso adquirido. E nesse processo, sem saber, eu voltava a consumir o adoçante – o que contém a substância causadora da púrpura - e novamente entrava em crise.
Uma autêntica bola de neve.=(
Leia os progressos em http://vencendoapurpura.blogspot.com.br/p/recuperacao.html